o fim de um ciclo é o início de outro
terminar namoro quando temos filhos é sempre tenso, seja um relacionamento de 10 anos ou de 2 meses.
de um lado, a força dos vínculos criados; do outro, o luto pelos futuros imaginados.
acho que é um privilégio terminar namoro sem briga e ódio, mas e pra explicar pro filho que pessoas que se amam também se separam e, mais do que isso, às vezes se separam justamente por amar o outro?
é um sentimento que se junta ao amor próprio, afinal,
ao conhecer nossos próprios limites e as necessidades do outro, podemos interromper o sofrimento que prolonga uma relação desequilibrada.
o amor romântico nem sempre sobrevive a planos diferentes, outras visões de mundo, feridas que não puderam ser cicatrizadas, medos que são mais fortes que nós…
meu filho pareceu lidar melhor que eu e acho isso até normal, já que ele ainda não tem bagagem pra entender a dimensão das coisas (ou será que tô subestimando?).
por aqui, fizemos como sempre: nos abrimos numa conversa franca, sem forçar a barra.
e, por via das dúvidas, ele voltou com a terapia, até porque a adolescência está aí e muitas novas questões vão surgindo.
voltando a questão da separação.
um término sem guerras não vem sem traumas.
afinal, perde-se quem acreditávamos ser uma companhia pra toda a vida, perde-se também amigos no processo, a família da outra pessoa e até um pouco de nós mesmos.
talvez “perder” nem seja a melhor palavra, pois “nada se perde, tudo se transforma”.
e essa transformação não é totalmente ruim, embora dolorosa. no meu caso, a disforia sensível a rejeição, que é comum a pessoas com tdah, me jogou numa fase depressiva e trouxe crises de ansiedade.
um pouco de droga, um pouco de salada: combinei a cura com remédio, exercícios e fé.
volta e meia acendi uma vela pro meu marinheiro e pedi ajuda pra navegar na tempestade, sabendo que depois dela tem um cenário que pode ser ainda mais bonito.
principalmente se tirarmos aprendizados do machucado, deixando-o cicatrizar ao invés de ficar futucando ele com nossos “e se”.
é isso o que a carta do baralho cigano que ilustra o post ensina. a morte é uma nova chance de viver, um término é prenúncio de outro começo e às vezes perder alguém nos coloca no caminho de encontrar a nós mesmos.
aliás, fato curioso pra terminar o post: as duas vezes que perguntei pro meu baralho cigano sobre o futuro dos relacionamentos em que eu estava, nas duas saiu a Morte (as duas únicas vezes que saiu essa carta nas minhas tiragens), que eu otimisticamente interpretei errado 🤡 e foi assim que decidi nunca mais perguntar sobre meu futuro com as pessoas hahahahahahaha
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