A minha Central Park

Há algumas semanas acabei de ler o livro Start, de Jon Acuff. Estou numa fase de começar vários novos projetos, mas me sentindo um pouco cansado e desmotivado, então quando passei por aquela área da livraria onde livros de negócios e auto-ajuda se misturam, decidi que ler um desses livros se não me fizesse bem, também não me faria mal.

Mas por que cito o livro? Simples, tem um trecho dele que me tocou profundamente e acho que pode ser de grande ajuda ao meus leitores. É o seu conselho: construa sua própria Central Park 🙂

Central Park, pelas lentes de Chris Ford

A teoria é a seguinte: quem vai a Nova Iorque pode pensar que o Central Park, um recanto verde da cidade, talvez o único relevante, devia dar lugar a outra coisa, pense quanto dinheiro e inovações poderiam surgir se colocassem uns prédios aqui e ali, uns centros comerciais e tal. Só que o lance não é esse: a cidade entraria em colapso se não houvesse esse espaço de sossego no meio da loucura que é a metrópole.

Precisamos desse tipo de espaço, físico e mental. Nossa cultura vive num surto de ansiedade que não suporta o sossego, queremos sempre preencher nosso descanso com alguma atividade “útil“, um curso, um freela ou hora extra, uma leitura técnica ou até mesmo coisas mais simples como checar o email profissional fora do expediente. A gente quer ser mais produtivo, ganhar mais dinheiro, ainda mais quando gostamos do que fazemos. Mas a real é que precisamos de uma área não-comercial em nossa Nova Iorque, a.k.a. mente.

Precisamos cultivar um lugar onde podemos ler uma ficção qualquer, desligar-se do smartphone, não ficar buscando novas ideias, não ter pressa, brincar com filho ou animal de estimação. Hoje mesmo eu estava no parque com o meu filhote, lendo um romance podólatra, smartphone com internet desligada, depois caminhando pelo bosque do lugar, com bambus na mão para matar zumbis caso aparecessem.

É tão fácil ser alguém melhor se dando a oportunidade de fazer algo assim uma vez por quinzena que seja 🙂

Mais que recomendo! E no fim das contas, não precisa nem ser um lugar fora de casa. Você pode desligar o computador, abrir a janela, fechar a porta e meditar numa simples cadeira por 10 minutos que seja.

8 respostas
  1. Ísis Rocha
    Ísis Rocha says:

    É bem por aí Rafa…

    Em meio a um quase colapso, percebi que mesmo que minha cabeça não queira, eu preciso "forçá-la a parar" de vez em quando.

    A gente desaprende mesmo… Se acostuma a ser tão ativo que qualquer sombra de ócio nos desespera. Eu estou reaprendendo a parar. É delicioso. ^^

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  2. Re Vitrola
    Re Vitrola says:

    Tenho amigos que me perguntam: "Nossa, você não vê minhas mensagens? Pensei que você ficasse o dia todo na internet!". Mal sabem eles. Acho super válido, e não consigo imaginar minha vida sem uma "pausa", sem certos luxos para bem-estar (tipo escolher um dia da semana e acordar a hora que quiser!) que faço questão, para que minha vida não vire uma loucura…

    Adorei o texto e vou recomendar!
    Um beijo,
    Re

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  3. Rafael Noris
    Rafael Noris says:

    Talvez o mais difícil seja ficar sem internet, mesmo que por um curto período, a gente se acostuma a "relaxar" vendo coisas pela web ou joguinhos sociais, mas aí no fim das contas a gente nem se sente bem.

    Nunca vi alguém voltar triste por ter passeado, desligado de tudo, mas são inúmeros os que "descansam" zappeando pela internet e voltam pro mundo sentindo que perderam tempo.

    ^^

    Bjo

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  4. Léo Vargas
    Léo Vargas says:

    Mano, me considero um hippie urbano.
    Acho que hoje, por questão de sobrevivência, temos que entrar nesta loucura cibernética, smartphonesca e todos os outros adjetivos possíveis, mas também por sobrevivência, precisamos do break. Meus fins de semana se resumem em deixar minha pequena experimentar a infância pura do jeito que tem que ser, e é aí que o hippie entra em ação. Pés no barro, buraco no chão e pendurados em árvore para capturar cigarras. O que é facebook mesmo?

    Responder

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