Uma coisa bonita da ciência é que ela está sempre em mudanças. Uma coisa feia da ciência é que ela é feita com interesses (nem sempre honestos). De tanto ler artigos que defendem uma coisa e outros que defendem outra, comecei a me perguntar (mesmo antes de ser pai):
há quem a conclusão dos estudos científicos interessa?
Até mês passado sempre que se falava em tecnologia e crianças, se invocava a Academia Americana de Pediatria, que dizia: não deixe crianças menores de 2 anos se exporem a tecnologia de jeito algum, smartphones e tablets são os vilões do desenvolvimento (aposto que meus avós ouviram isso sobre a televisão e meus pais sobre o videogame). Com crianças um pouco maiores permitiam o uso, mas ainda alarmista, cheio de limites (1 hora por dia, no máximo) e apontando sobre os possíveis retardos que elas poderiam ter nas relações sociais.
Esses papos apocalípticos sempre me deram uma preguiça enorme, sempre me soaram conservadores. Seja com a filosofia de esquerda que reclama da sociedade líquida ou da direita que quer que as crianças se encaixem em seus modelos obedientes e focados. Há grandes indústrias se enriquecendo com o medo que patrocinam.
Seguindo a onda do terror, vários estudos indicavam a mesma coisa, a cada 1 artigo defendendo a tecnologia vinha 10 falando que ela arruinaria a vida das crianças. Mas o mundo dá voltas e eis o que virou notícia nesse mês: a Academia Americana de Pediatria decidiu rever sua política de crianças e uso de aparelhos eletrônicos!
3 pontos que foram levantados no novo estudo e gostaria de destacar:
– O digital é apenas outro ambiente, com seus pró e contras como qualquer outro.
– A qualidade do conteúdo é mais importante que o formato e o tempo de uso.
– As relações online são parte integral do desenvolvimento de jovens e as mídias sociais os ajudam na formação da identidade.
Tem um monte de outras coisas interessantes, vale a pena ler o artigo:
http://aapnews.aappublications.org/content/36/10/54.full
Mas o que quero com esse post? Bem, era só desabafar mesmo. Não quero cagar regra, exceto que cada um é cada um e que a gente deveria se informar sempre e questionar todos os discursos, a favor ou contra a tecnologia. E que cada um siga seu caminho, sem nóias nem julgando os coleguinhas de paternidade/maternidade 🙂
Dica de Livro: Tudo que é Ruim é Bom Pra Você, Steven Johnson.
Adoraria continuar o papo nos comentários e ler outras opiniões, o que você acha disso? Como é na sua casa a relação das crianças com a tecnologia?