Foto com filtro cinza azulado, mostrando pai e filho segurando corações de madeira e sorrindo.

ser pai fez eu me tornar muito mais medroso, evitando mudanças (inclusive as boas). mas a “conjuntura” sempre me empurra a fazer as mudanças que preciso, não necessariamente as que quero.

tentei evitar a separação mesmo sabendo que era melhor pro Migs, pra mãe dele e pra mim.

tentei me manter num emprego onde eu arriscava minha vida toda noite ao voltar pra casa cansado de moto, pegando horas de estrada.

não queria começar um novo relacionamento por não saber como seria a nova dinâmica da família, mesmo curtindo cada dia mais com a Bruna.

não queria voltar a morar em Pedreira após anos construindo minha vida em outra cidade, mesmo sabendo que seria melhor financeiramente e que poderia reconstruir meus laços com a cidade onde nasci.

como o Miguel seria impactado pela mudança de casa? de cidade? nova escola? e os amigos? ele conseguiria fazer novos? cresceria sem raízes? que traumas estaria plantando?

após anos de terapia, eu ainda empurrava com a barriga meus problemas, criando milhares de “mas” e “e se” para evitar fazer as grandes mudanças que precisava.

esse ano eu talvez tenha feito uma das maiores e mais importantes mudanças da minha vida ao me demitir em plena pandemia de um emprego que eu não via mais sentido. num momento com 14 milhões de desempregados, sem auxílio emergencial, com filho pra criar e aluguel pra pagar.

sem escola para meu filho, um emprego que acolha essa “particularidade” de ser pai solo é pequeníssima. com escolas abertas já seria difícil, pois os horários teriam de ser flexíveis. 

mas isso não é desculpa para não mudar. ainda mais quando a opção de não mudar é adoecer.

por isso mudei, mesmo tendo medo. para meu filho não me ver fumando 10 cigarros por dia, eu trabalhando a noite, eu sem paciência para sua infância.

meu irmão tem uma fábrica onde ele faz peças em MDF e vende online. montei uma também, mas depois decidi que o melhor seria juntarmos forças. 

e já dá pra ver que essa foi a melhor escolha pra nós, pois as vendas crescem a cada dia (aproveite e passe lá). 

e já dá pra ver que também foi o melhor pra minha família, pois tenho me divertido mais com o Migs, caminhado, acompanhado ele nas lições de casa, ido ao médico pra fazer um check-up da saúde.

mas durante o aviso prévio eu ficava todo dia pensando se havia feito a escolha certa, pensando em pedir pra me aceitarem de volta e imaginando todos os cenários negativos possíveis. 

por fora, parecia confiante do rumo que escolhi; por dentro, me questionava a todo instante e tentava me agarrar a cada fiapo de motivação. mas aqui estou, com muito orgulho 🙂

você também é assim? passou por alguma grande mudança nesse tempos?