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onde escrevo quando não escrevo aqui?

reparei há algum tempo o quanto minha vida virou de cabeça pra baixo desde que parei de escrever aqui.

meu blog nunca foi um lugar onde eu apenas compartilho meus pensamentos, mas principalmente onde eu os organizo. porque minha cabeça é uma bagunça e escrever é botar ela no lugar.

mas diminuir as postagens não foi uma escolha, foi uma reação, principalmente ao cenário político do país.

em 2018 bati meu recorde de posts publicados, mas logo no final do ano lembro como foi horrível ver tanta gente na blogosfera materna e paterna defender Bolsonaro. acabei entrando numa fase depressiva e bodeei de tudo.

de tempos em tempos, depois, consegui produzir um ou outro post, mas nada comparado a frequência de antes.

nunca recuperei do baque, mas também nunca desisti do blog.

enfim, acho que estou me desviando do foco e não vou culpar o TDAH, até porque acho que é saudade desse espaço. se não tenho escrito aqui, onde escrevo?

no começo de 2024, tendo passado pelo 2º término de relacionamento em menos de 1 ano, decidi que ia voltar a escrever, porque eu precisava tirar um monte de coisa da minha cabeça pra tentar me entender e recuperar esse meu lado que tanto me orgulho e que tava bagaçado.

por sorte, foi quando decidi começar a leitura do livro "O caminho do artista", da Julia Cameron.

digo por sorte, porque embora eu nunca tenha me importado de falar da minha vida, as coisas que estavam em meu peito eram íntimas demais e, na melhor das hipóteses, publicar elas seria muito constrangedor.

voltando ao livro, nele a Julia Cameron traz uma dica maravilhosa: as páginas matinais!

é uma dica tão simples quanto começar o dia escrevendo livremente 3 páginas.


só isso.

o que vier à mente, sem julgar, até porque não é pra ninguém ver.

acaba sendo uma junção de escrita criativa, atividade terapêutica e meditação, que pra mim toma 45 minutos normalmente.

"As páginas matinais mapeiam o nosso interior. Sem elas, nossos sonhos podem permanecer como terra incognita."

é importante fazer isso pela manhã, pois permite começar o dia mais leve. tipo o lance de esvaziar a xícara, do famoso conto zen.

e é legal fazer isso em papel ao invés de um doc do Google por ser um momento desconectado da web, pra gente conectar só conosco mesmo.

é nessas páginas matinais que despejo sem medo nem vergonha as frustrações profissionais, os nervosos de paternidade, os xororô do coração machucado, pensamentos de culpa, perguntas aleatórias de TDAH, e às vezes algo bonito e feliz também...

quase um Twitter, né?

mas ao invés de um ambiente tóxico, é curador; ao invés de um discurso manipulado para o outro, é um honesto para nós mesmos.

resumindo o post: tire um tempinho diário (semanal, se todo dia não for possível) para desconectar-se e escrever pra você mesmo no papel.

nós que somos pais e mães guardamos muita coisa pra gente, coisa que é melhor soltar do que surtar.

eu recomendo :)